sábado, 21 de fevereiro de 2009

Tirinhas

Deus não é gospel

Converti-me há 21 anos, em 4 de fevereiro de 1988. A conversão a Cristo promoveu uma verdadeira revolução em minha vida. Experimentei o que significa o amor de Deus. Experimentei, também, o que significa sofrer por causa dessa nova fé. Chacotas, zombarias, humilhações — tudo por causa daquele em quem comecei a crer.

No entanto, aprendi também a criar uma “carapaça” ao meu redor. Vi que talvez fosse melhor me proteger dos temidos ataques do mundo vivendo atrás de um “muro de Berlim” cultural, onde somente aquilo que fosse “religiosamente aceitável” seria admitido. O mais interessante é que esse muro era seletivo. Barrava apenas música e literatura, com exceção da literatura escolar, que era obrigatória. Enfim, aprendi a filtrar aquilo que vinha a mim de acordo com padrões pré-estabelecidos por um ethos social vigente.

Aos poucos, vi essa carapaça contrair trincados e rachaduras. Por meio do pastorado, tive contato com várias realidades no Brasil e fora dele. Em algumas, vi que pessoas que criaram uma carapaça ainda mais grossa do que a minha eram extremamente religiosas, mas que não experimentavam o frescor da graça do crucificado. Em vez disso, exalavam o bolor fétido da religiosidade morta e carcomida dos fariseus contemporâneos de Jesus. Eram capazes de recusar a audição de alguma peça musical devido à sua origem “profana”, mas também se recusavam a viver uma vida de amor cristão, preferindo substituí-la com regrinhas autoglorificantes. E isso tudo em nome de um Deus a quem conheciam só de ouvir falar.

Tive também a oportunidade de conhecer irmãos de outros países que agiam de modo diverso do meu. E vi que, mesmo na diferença cultural, aqueles eram irmãos de valor, com o coração no reino, muito mais até do que eu, com todo o meu escudo confessional.

Nessa minha queda-de-braço cultural com Deus, compreendi melhor o que Paulo quis deixar registrado em Cl 2.20-23: “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies (as quais coisas todas hão de perecer pelo uso), segundo os preceitos e doutrinas dos homens? As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria em culto voluntário, humildade fingida, e severidade para com o corpo, mas não têm valor algum no combate contra a satisfação da carne”.

Finalmente, vi que estava querendo ser melhor e mais santo que o Senhor. Nessa minha paranoia ególatra, fechei os olhos para a realidade de que “toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tg 1.17), incluindo, aí, as boas dádivas culturais.

“Diga-me de verdade, diga-me porque Jesus foi crucificado / Foi por isso que papai morreu? / Foi por você? Foi por mim? / Será que assisto muita TV? / Isto é uma ponta de acusação em seus olhos?” Esses não são versos de protesto de alguma banda cristã que questiona a banalidade gospel de hoje em dia. São os versos iniciais da música “The post war dream”, do Pink Floyd. Vejo hoje, portanto, que Deus está muito além de nossas limitações culturais. Ele pode usar, caso queira, uma peça teatral, um texto de jornal, uma música para sua glória, independente da confessionalidade. Sua soberania nos mostra que Deus não é gospel. Sua graça nos permite ver a sua beleza por meio da beleza artística, seja ela evangélica ou não.

Enfim, a graça de Deus me mostra, entre outras coisas, que posso curtir boa música, independentemente do rótulo, com o Senhor.

Rodrigo de Lima Ferreira (Digão), no site da Ultimato.

Paradoxos do Nosso Tempo

Hoje temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos...
Temos auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos...
Gastamos mais, mas temos menos...
Compramos mais, mas desfrutamos menos...
Temos casas maiores e famílias menores...
Temos mais conhecimento e menos poder de julgamento...
Temos mais medicina e menos saúde...
Hoje bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma excessiva, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos facilmente...
Ficamos acordados até tarde, acordamos cansados demais...
Multiplicamos nossas posses, mas reduzimos nossos valores...
Falamos demais, amamos raramente e odiamos com freqüência...
Aprendemos a ganhar a vida, mas não vivemos essa vida...
Fazemos coisas maiores, mas não coisas melhores...
Limpamos o ar, mas poluímos a alma...
Escrevemos mais, mas aprendemos menos...
Planejamos mais, mas realizamos menos...
Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência...
Temos maiores rendimentos, mas menos padrão moral...
Temos avanços na quantidade, mas não na qualidade...
Esses são tempos de refeições rápidas e digestão lenta..
De homens altos e caráter baixo...
De lucros expressivos mas relacionamentos rasos...
Mais lazer, mas menos diversão...
Maior variedade de tipos de comida, mas menos nutrição...
São dias de viagens rápidas, fraldas descartáveis, moralidade também descartável e pílulas que fazem tudo: alegrar, aquietar, matar...

via Pavablog (mas eu vi no Thiago Mendanha).

Rebanho de Tolos

A obediência que liberta finca suas raízes no interior do homem, é tecida com a voz pura do obediente; pura pois não deve haver nessa voz, para que o ato de obediência seja efetivamente libertador, nenhum fonema que não seja de estrita autoria daquele que obedece.

A resposta mecânica a estímulos exteriores não é obediência e sim tolice, pois tem sua raiz não no sujeito que responde – que é nesse caso nada mais que um espelho a refletir cenas exteriores – mas geralmente em estruturas de poder, que dependem invariavelmente desses espelhos indolentes para manter no palco o seu teatro surreal.

Suprimir a autonomia do maior número possível de homens é não apenas a forma mais eficaz para estender e manter um poder como também uma maneira de obstar a salvação, originada de uma resposta autêntica e livre do homem à proposta de Deus.

O problema com a Igreja é que ela tornou-se uma estrutura de poder e com isso fez-se não uma semeadora da mensagem salvífica, mas precisamente o contrário, um sério obstáculo à divulgação dessa boa nova, uma estrutura que reclama espelhos que reflitam seus caprichos.

A tolice, me ensina Bonhoeffer, “não é um defeito de nascença [...] as pessoas são feitas tolas, isto é, deixam-se tornar tolas [...] Talvez seja mais um problema sociológico que psicológico. Ela é uma forma particular de influência das circunstâncias históricas sobre a pessoa.” Mais adiante o teólogo alemão, que sofreu barbaramente com a tolice nacional-socialista, afirma: “Qualquer demonstração exterior mais forte de poder, seja ele político ou religioso, castiga boa parte das pessoas, tornando-as tolas.”

O rebanho está inundado de ovelhas tolas que são reproduzidas em toda sorte de divisão celular, em meioses e mitoses. Na conversa com um tolo, lamenta Bonhoeffer – descrevendo com felicidade ímpar a impressão que se tem ao tentar conversar com um crente convicto – “chega-se a se sentir que não é com ele mesmo que se está tratando, mas com chavões e com palavras de ordem que tomaram conta dele. Ele está fascinado, obcecado, foi maltratado e abusado em seu próprio ser.”

Por viver no tempo e espaço em que viveu, Bonhoeffer sabia que “somente um ato de libertação poderia vencer a tolice” e que “uma libertação interior autêntica, na maioria dos casos, somente será possível depois que tiver ocorrido a libertação exterior. Até que esta aconteça, temos de desistir de todas as tentativas de persuadir o tolo.”

O desconcertante é que se queremos espalhar a boa nova o primeiro passo é tirar de cena a Igreja.

Texto de Alysson Amorim.

Elogio ao livre pensador

O livre pensador pensa com liberdade. Óbvio. Para ele, as fronteiras do certo e do errado têm a ver com integridade, nunca com a assimilação de lógicas pré assentadas. Permite, inclusive, que puxem o tapete de suas antigas afirmações. Não provoca o debate pelo debate, tensiona as convicções por amor à sabedoria. Despretencioso, não hesita contradizer-se. Ri até de posturas que assumiu.


O livre pensador prefere a selva à trilha batida, o labirinto aos mapas detalhados, a senda escura à avenida iluminada. Convive bem com a verdade infinita. Encara o saber como galáxia cheia de luminares inalcançaveis, a trilhões de anos luz. É golfinho que brinca no oceano das idéias.

O livre pensador garante a boa companhia. Ouve, acolhe, indaga e argumenta com a singeleza das crianças. Discute, retruca, provoca e exige com o rigor dos mestres. Denuncia, confronta e briga com a veemência dos profetas. Narra, brinca, ri e cria com a leveza dos poetas. É exigente nos colóquios acadêmicos, mas zombeteiro na mesa do bar; atencioso entre os opositores, mas instigante entre os amigos.

O livre pensador quebra paradigmas científicos, inaugura escolas literárias, revoluciona parlamentos, mobiliza militâncias. Morre, todavia, na fogueira da religião.

Soli Deo Gloria

Quem ? Ricardo Gondim !

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Honestidade é isso

Se você entende a língua pátria dos norte-americanos, vai bolar de rir; se não, vai ficar na vontade !

PS: que bm seria se nossos políticos e líderes religiosos fossem sinceros assim... apesar de que aí ficariam a ausência de votos e dízimos ! E eles não existiriam mais !

O caminho mais fácil

Seria tão mais fácil calar que expor; dissimular que enfrentar; concordar que questionar. Eu sinceramente prefiro a calma à turbulência; a alienação à contestação; a paz à tensão. Desisto. Não me entendo, não me explico. Sinto um formigão e me lanço afoito ao debate das idéias. Talvez, imagine encontrar magnanimidade, grandeza humana.

Seria tão mais fácil não balançar o barco e navegar em águas tranqüilas (meu corretor não abre mão do trema). Concordo, não se deve corrigir o rei. Admito, não se questiona o que foi posto como absoluto. Reconheço, não se constrange a maioria.

Seria tão mais fácil deslizar para a aposentadoria como uma unanimidade. Melhor deitar na fama do mito. Sim, a arte de forjar uma personagem não exige muito. Representar bem não é complicado. Desempenhar de acordo com as expectativas da multidão vem com poucos ensaios. Os cacoetes grudam na pele e a gente acaba cumprindo qualquer roteiro.

Seria tão mais fácil seguir o caminho já trilhado. Não sei porquê, fui para a contramão. Sem programar, acabei remando rio acima. Fiz escolhas dolorosas. Aliei-me aos marginais. Pousei na periferia. Tropecei na fronteira do pensamento ortodoxo. Espiei por cima do muro do consenso. Acabei exilado.

Tudo era fácil. Agora tenho que explicar-me para quem me quer bem. Tenho que sofrer com as inquietações de quem me engolia seco. Tenho que lidar com as deserções de quem suspeitava de mim.

Seria tão mais fácil descer a ladeira. Mas eu precisaria rachar por dentro e conviver com um impostor parecido comigo. Não tenho escolha. Obriguei-me a conviver com as minhas dificuldades. Morrerei abraçado comigo mesmo.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim


Viciados em Mediocridade

Direto do Zona da Reforma.

Os homens que mais pedem dinheiro são os mais miseráveis

Não sou dizimista. Já fui. Não sou mais.
Nenhum devorador atacou a minha casa.
Nenhum demônio ou gafanhoto saqueou a minha despensa.
Não sou nenhum ladrão, sou apenas alguém que entendeu
que o dízimo era para os judeus e não para os cristãos.
Os pregadores me chamam de ladrão, eu os chamo de mentirosos.
Eu não sou judeu e eles não são levitas.
Se o dízimo está sendo um peso para sua vida, alivie-se desta carga.
Não dizime com cheque pré-datado, dinheiro emprestado,
cartão de crédito nem depósito bancário.
Não dizime sobre aquilo que você não tem.
Não suje seu nome, muito menos o nome de Deus.
Não se renda a chantagens emocionais ou espirituais.
Não tenha receio de recusar envelopes com pedidos de oferta.
Se o envelope já estiver no seu banco, rasgue-o ou coloque
a quantia que você quiser, e não ponha o seu nome.
Não creia em promessas espirituais, físicas ou financeiras
precedidas de pedidos de ofertas em dinheiro.
Jesus nunca fez isso, nem os apóstolos.
Os homens que mais pedem dinheiro são os mais miseráveis
e também os mais avarentos.
Os apóstolos Paulo e Pedro também não eram dizimistas.
Biil Gattes , o homem mais rico do mundo não é dizimista,
no entanto, tem distribuído em vida parte de sua fortuna.
A verdadeira obra de Deus não vai acabar pela falta do dízimo,
mas pode ter certeza que os pilantras e picaretas da fé vão desaparecer.
É o que eu espero.

texto de A.Porto que está circulando pelo mundão digital
dica do José Freire Silva Filho [via Pavablog].

Eu vi no
Tomei a Pílula Vermelha.

Qaundo digo: eu sou um cristão

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” Não estou gritando, “Eu sou salvo!”
Eu estou sussurrando, “eu me perdi! É por isso que optei por este caminho”

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” Eu não falo com orgulho humano
Eu estou confessando que tropeço e necessito que Deus seja o meu guia

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” Eu não estou tentando ser forte
Estou professando que estou fraco e oro por força para continuar

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” Não estou me gabando de sucesso
Eu admito eu sou falho e não posso pagar a dívida

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” Eu não acho que eu sei tudo
Apresento à minha confusão pedindo humildemente para ser ensinado

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” Eu não pretendo ser perfeito
Minhas falhas são demasiadamente visíveis, mas Deus acredita que eu possa valer a pena

Quando eu digo, “Eu sou um cristão”, eu ainda sinto o cheiro da dor
Eu tenho a minha quota de melancolia, é por isso que vou buscar o seu nome

Quando eu digo, “Eu sou um cristão,” não estou querendo julgar
Eu não tenho autoridade - Eu só sei que sou amado.

Texto de Carol Wimmer, que vi no Thiago Mendanha.

Faço das suas palavras minhas...

Estou passando por um tempo de repulsa e mal-estar só de ver tanta porcaria na blogosfera.
Ainda bem que não estou engolindo, senão já teria morrido de intoxicação espiritual.
Algumas são permeadas de coerência. Outras enfeitadas de bondade e justiça divinas, mas as intenções e motivações purulentas dos autores são visíveis.
O poder de uma verdade depende também da motivação daquele que a proclama.
Vivo um misto de sentimentos. Não sei se choro ou se vomito.
Estou esperando me acostumar com o cheiro para voltar a escrever algo edificante e coerente.
Meu medo é de me acostumar tanto que me torne cínico. Não sou melhor do que eles.
Enquanto isso, como um animal ferido, fico na minha toca em silêncio, lambendo as próprias feridas.
Preciso manter, pelo menos, a sanidade mental.
Sei que preciso orar e aguardar...até que a noite da alma encontre os raios da manhã.

Pr Julio Soder

Enquanto me torno cada vez mais um "escravo legal" da instituição financeira que trabalho, fico sem tempo para ler coisas novas e postar com mais frequência... mas faço das palavras do Júlio as minhas. Se você ainda não visitou o blog dele, recomendo.